quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A fotografia como arte e a sua democratização na contemporaneidade.


A fotografia como arte e a sua democratização na contemporaneidade.


A História da arte - nos ensina coisas maravilhosas. Muito tempo antes grafávamos nas pedras e nas cavernas nossas primeiras impressões rupestres: Alguns milhares de anos mais tarde os condimentos a óleo sobre tela facilitaram o retratismo e o figurativismo dum período iluminado para as culturas do mundo: Finalmente surgiu no início do século XVX uma novidade que abalaria as bases tradicionais da forma de pintar imagens feitas pelos artistas plásticos da época. A Fotografia de fato, surgiu no verão de 1826, pelo inventor e litógrafo francês Joseph Nicéphore Niépce. Em fevereiro de 1827, Niépce recebeu uma carta de Louis Daguerre, de Paris, que manifestou seu interesse em gravar imagens. Em 1829, tornaram-se sócios, mas Niépce morre em 1833. Seis anos depois, em 7 de janeiro de 1839, Daguerre revela à Academia Francesa de Ciências um processo que originava as fotografias. Assim a fotografia passou á existir e trouxe consigo a possibilidade de criar qualquer imagem que uma pessoa possa imaginar. Digo, nos dias de hoje, pois. Mas, foi no Século XX que ela tomou corpo e se estabeleceu definitivamente na vida das pessoas comuns como utensílio e como arte. Transpôs-se dum “luxo” de poucos para um produto necessário no dia a dia da maioria da sociedade. E merecidamente alcançou uma posição na comunicação e nas artes visuais. Fotos 3x4, por exemplo, para uso nos documentos de identificação, quem não tem uma? Fotos para propaganda comercial e ou d’outra arte; as famosas fotos para capa dos jornais que falam mil palavras por si próprias. Essas e outras possibilidades práticas e secas de erudição como os incontáveis ‘retratos da vaidade’ talvez tenham contribuído para a banalidade da mesma. Por essa razão, talvez a fotografia não fora consensualmente apreciada como obra de arte por todos. Fotografar tornou-se uma atividade em franca expansão. Rapidamente tomou conta do mundo. Em 1853, cerca de 10 mil norte americanos produziram três milhões de fotos, e três anos mais tarde a Universidade de Londres já incluía em seu currículo a fotografia. Ora andando de mãos dadas com a pintura, ora de costas a fotografia rumou às portas dos museus e das galerias tornando-se a tempo e oficialmente produto de criação artística e intelectual. Em 1888, com George Eastman, surge a Kodak. A fotografia tornou-se mais popular com este tipo de câmera que era bem mais leve, de baixo custo e simples de operar se comparada as que existiam na época. Nos Estados Unidos e na Europa surgiram novas formas de recriá-la, de entendê-la e de classificá-la. Com isso, consequentemente destacaram-se alguns fotógrafos. Digo, alguns gênios, precursores. Cartier-Bresson, Tina Modotti, se falarmos da Europa, Steichen, se falarmos dos EUA, Sugimoto, Don Hong-Oai se falarmos da Ásia, Gerardo Suter, Luis Gonzalez Palma e Sebastião Salgado se falarmos da América Latina. Cito-os porque são os meus favoritos. Como fruto artístico da humanidade a fotografia deu ao homem uma visão real do mundo, tornando-se assim, um instrumento de como captar imagens dos registros da História. É claro que estes homens e mulheres que a fizeram e a fazem também estão grafados nos anais da história.

A diferença - da sua vulnerabilidade artística se comparada à pintura, por exemplo, é de ordem da criação. Tirar uma foto não é a mesma coisa que criá-la. Seria arte clicar qualquer momento, imprimi-lo e pendurá-lo na parede? A fotografia contemporânea, tal como a pintura, tem na sua essência a criação de metáforas, de conotações, de analogias diversas, conseguindo converter a objetividade em subjetividade. O visível não é necessariamente aquilo que se nos é apresentado perante os olhos.

O super - desenvolvimento das ‘eletrotecnologias’ neste corrente século promete transformar muito cidadãos e cidadãs comuns em artistas. Basta acreditar na possibilidade positiva da pergunta acima mencionada. No Brasil estima-se que já somos mais de 80 milhões de usuários de aparelhos celulares que portam objetiva fotográfica embutida, podemos deduzir que alguns milhares farão boas fotografias artísticas.

Serão eles – um dia Acredito que não. Tão puramente nos entretemos com a genialidade destes homens e mulheres que fizeram e fazem da fotografia uma ferramenta de transformação social. Mais ainda, um meio para dizer ao mundo do seu saber.

Neste início - de século XXI o acesso por meio dos baixos preços popularizou ainda mais as câmeras compactas digitais e outros aparelhos eletrônicos com câmeras embutidas. Isto fez com que milhões de pessoas em todo o mundo tomassem mão sobre o instrumento de desenhar com luz. Esse contingente de diferentes pessoas e de classes econômico, social e religiosamente diversas diretamente tornou a fotografia uma das atividades artísticas mais prodigiosas da contemporaneidade. Há quem diga o contrário, se referindo à falta de conceito da fotografia digital, por exemplo.

Recentemente - o governo brasileiro sancionou lei que insere nas universidades públicas o curso de fotografia. Uma vitória que ajudará os profissionais e usuários deste meio a alcançarem melhor desempenho técnico e conceitual. Quem sabe surjam novos ícones da fotografia brasileira contemporânea.

Enfim, acredito que podemos fazer da fotografia melhor do que ela já é. Digo, e também dos seus criadores. Para isso é preciso que se crie mais mecanismo de difusão, comercialização e valorização da fotografia contemporânea no Brasil e no mundo. Quiçá aprimores museus e galerias para as regiões desassistidas como a da Amazônia, na America Latina e no centro e oeste da África, por exemplo. Além destes esforços a concentração de investimentos por parte dos governos nas instituições afins. E para isto os fotógrafos e fotógrafas devem estar organizados oficialmente. Também é muito importante considerar a possibilidade da introdução da fotografia no currículo da educação básica brasileira. Mais importante que o fácil acesso a este artifício é a qualidade técnica e artística com a quais podemos produzi uma boa foto.

Sendo assim - vejo sua democratização popular como positiva, desde que acompanhada por elementos de estudo e conhecimento técnico. Dessa forma dando continuidade a evolução digital e artística da mesma.

Franz Tagore – usuário e criador de fotografias